Postura em Agamben
DOI:
https://doi.org/10.24302/prof.v11.5334Resumen
Este artigo trata de investigar o conceito de postura em Giorgio Agamben. Para tanto, inicia-se por uma análise da inoperosidade e de seu vínculo com a resistência ao governo da vida, momento em que se explicita também a sua relação com a destituição e com a anarquia. Na sequência, retoma-se o conceito de gesto em Agamben, para a partir dele aprofundar-se na postura: Como gestos podem configurar uma postura? Como pensar uma postura a partir de gestos? Em Postura (2016), o filósofo analisa um conceito de postura partindo da figura do esgotado presente no ensaio O esgotado (2010), de Deleuze. O esgotado é aquele que esgotou todas as possibilidades: ao esgotar-se a potência, neutraliza o ato e libera o uso. Viver ao modo do uso, ao modo da inoperosidade, envolve esgotar a potência e o ato em toda atividade, esquivando-se, assim, da estratégia de captura dos dispositivos de governo da vida. É nesse sentido que a postura de esgotado interessa a Agamben: a postura de inoperosidade seria, também, uma postura de esgotado. Ao final do ensaio Postura (2016), Agamben afirma que no campo dos gestos, por fim, até mesmo a postura, aos moldes do esgotado, fica para trás. No entanto, insistimos nesse artigo em uma postura configurada por gestos, o que se justifica principalmente quando se tem em vista, com tais conceitos, a resistência ao governo da vida a partir da anarquia e do enraizamento. O gesto já trata de uma exposição, mas a postura é uma demora expondo, e configura-se pelos gestos: é uma insistência restituindo uso e fazendo uso, uma frequência, uma demora no corpo a corpo, resistindo ao governo da vida orquestrado pelos dispositivos. Gesto e postura compõem uma estratégia: demorar expondo uma vida que se vive vivendo.
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