Múltiplas faces do feminismo marxista
Heleieth Saffioti e Silvia Federici
DOI:
https://doi.org/10.24302/prof.v7i0.2634Resumo
O marxismo e o feminismo têm um histórico de alianças e desavenças, no qual muitas vezes o feminismo ou a “questão das mulheres” foi incorporada às pautas e teorias marxistas para, em seguida, serem subjugados e tornados preocupações políticas e epistemológicas de segunda instância. Buscamos uma articulação mais funcional entre feminismo e marxismo, que seja simultaneamente ambos, a partir de uma investigação da obra da brasileira Heleieth Saffioti e da italiana Silvia Federici. Nos concentrando em A mulher na sociedade de classes acompanhamos as análises de Saffioti sobre a constituição do capitalismo brasileiro e a posição da mulher nele, seguindo seu argumento sobre a integração parcial das mulheres no modo de produção. Na sequência, desenvolvemos as análises de Federici, sobretudo em Calibã e a bruxa, sobre a formação do capitalismo através do cercamento dos comuns na Europa e sua relação com a expropriação do trabalho reprodutivo exercido pelas mulheres. Por fim, comparamos as perspectivas das duas, tendo como foco problemático o modo como cada uma lida com a relação entre trabalho e a posição das mulheres no capitalismo. Enquanto Saffioti pensa em termos de integração parcial e periferização social das mulheres tendo em vista sua semi-exclusão do “mundo do trabalho”, Federici vai mais longe ao tomar como central a importância do trabalho reprodutivo feminino percebendo como as mulheres são antes partes essenciais do processo de produção capitalista, ainda que seu trabalho seja não pago e não reconhecido enquanto tal.
Palavras-chave: Trabalho reprodutivo. Feminismo marxista. Trabalho feminino. Federici. Saffioti.